Fantasia

Se não posso ter a verdade
Prefiro viver a melhor das ilusões...

Turbilhão

Vento que não cessa... brincando com folhas de papel, soltas, fazendo voltas e reviravoltas no ar. Brancas, azuis, rosas, amarelas e verdes... de todas as cores... cada qual com uma mensagem.
Mensagens tristes, mensagens alegres... mensagens de ódio... mensagens de apoio...
Tudo o que uma pessoa pode ter escrito! Em algum momento de sua vida!
Tudo está ali! Voando com o vento...
Uma quantidade infinita de papéis...
Que nunca chegaram ao seu destino.
Que nunca foram guardados por quem os recebeu.
Que foram perdidos antes mesmo de serem mandados.
Quem dera nunca encontrar algo que tenha escrito pelo meio desse turbilhão colorido.
Mas o vento abranda...
E caprichosamente deixa à frente um papel com palavras reconhecíveis.
Então, o escritor põe-se a reescrever tudo o que lhe vem à mente quando lê tais palavras, e sua fúria com o lápis é tamanha que um novo vendaval começa!!
Antes que possa terminar de escrever, sua folha de papel sai a esmo, dançando com o vento, tornando-se mais um no turbilhão colorido das palavras não ditas...

Solidão

Tempo, tempo, tempo, tropeço...
Erro, erro, erro, mereço???
Não... acredito que não...
O que há, então???

Lugares estranhos...
Pessoas estranhas...
Situações...

Não quero mais...
Quero virar pedra...
Olhar sempre ao infinito...
Ninguém pela frente...
Ninguém ao redor...
Não creio que seja o melhor...

...
Mas é o que queria agora...

O Bêbado

Trôpego, o mendigo anda
Enquanto acompanha a banda...
Procura pela última gota em sua garrafa...
Mas era o sabor dela que procurava...
Desiludido por não encontrar
Põe-se a chorar...

Os outros que passam ao redor,
Se mostram em seu pior
Ao olhar para o coitado com desdém
Andando no seu vai-e-vem...
Sem querer saber
O por quê de ele tanto beber...

Gostaria ele que ela estivesse
Por perto só para que ele pudesse
Apenas por uma vez dizer
Que só em vê-la sente prazer
E que gostaria de amá-la
Sem se arrepender...

Outono

As folhas de outono
Caem dos ombros
Das árvores no campo
E a moça em pranto,
Com suas lágrimas
Tais quais as folhas ávidas,
Espera pelo rapaz
Que tanta calma lhe traz...

Renascimento

O poeta virou criança...
Não sabe andar... engatinha... apalpa...
Olha tudo, mas sem compreender...

Sem Fôlego

Sofregamente
Espalhando-se na cama,
Moleza e estremecimento...

Falando coisas que não diria...
Ouvindo coisas que jamais imaginou...
Lânguida, se move
Em movimentos ousados...
Gosto de quero mais em sua boca,
O que não faria para satisfazê-lo?