terça-feira, 31 de agosto de 2010

Conto de um casal esquecido.

Ele acorda com o som das ondas se quebrando.

Por um minuto permanece de olhos fechados,
Torcendo para descobrir que não estava sonhando.

O amor o faz perceber sons escondidos...
Ou seria o fato de estar de olhos fechados, ele não sabe.
As gaivotas conversando no céu,
As folhas das palmeiras lambidas pela brisa matinal.

Relembra, ainda sentado na areia, a noite anterior
Onde sua consorte surgiu e mostrou-lhe o amor.
Olhou ao redor e não havia sinal de alma viva.
Sozinho, tenta lembrar de sua diva.

Mas não recorda-se de seu rosto.
Vem em sua mente somente o gosto
De seu beijo que ainda lhe parece eterno
De suas mãos, labaredas do mais quente inferno.

Ah! O calor de suas memórias lhe fazem suar,
Resolve, então, o agora desperto mergulhar.
As águas cristalinas daquela baía teria sido o local perfeito:
Ali, naquela praia, Eros havia sido certeiro!

A única razão de seu sorriso sumir
Seria a verdade, que nunca viria a descobrir:
Não há mais ninguém ali, é fato.
Nem ele mais, é abstrato.
Ele existiu, em outra época, e permaneceu...
Anos nesta ilha viveu, e depois pereceu.
Por conta de um naufrágio numa tempestade.
Sua amada depois de tempos sem saber a verdade,
Se acabou de chorar em saudade.
Até o dia em que decidiu se encontrar com o amado,
E passar todas as noites a seu lado.

O belo casal, a partir de então,
Vive sua história toda noite.
E eles não passam em vão.
Enquanto tiver quem conte

Sua história,
Sua dor,
Sua sina,
Seu amor.