Tudo aconteceu muito rápido,
primeiro foram as mensagens que chegavam até nós, de uma forma quase
ininteligível, palavras soltas no meio de textos que mais pareciam um erro de
comunicação ou um ruído na transmissão.
Nessa época vivíamos tranquilamente
nossas vidas: acordávamos, rezávamos, comíamos, trabalhávamos, estudávamos, banhávamo-nos,
dormíamos. Tirando uma ou outra pessoa que fugia da rotina... estas sumiam
depois de algum tempo, já que se não seguíssemos a rotina, morríamos de loucura,
diziam.
Logo as crianças começaram a
repetir as palavras soltas no meio de suas frases. É uma moda que logo passa,
diziam. Verificava constantemente se minha filha tinha febre ou alguma outra
condição que a fizesse dizer tais coisas, sem êxito. Médico algum compreendia o
que havia. Senti medo, mas logo o medo deu lugar ao terror de ter perdido ela
para a loucura. Minha filha desapareceu, nunca mais vista.
As palavras começaram a
tornarem-se mais frequentes para apreensão de todos os normais. Elas vinham nas
mensagens e ficavam, como que formando uma nuvem sobre nossas mentes. Várias
palavras do nosso cotidiano começaram a parecer sem sentido para nós mesmos e,
então, começamos a adotar novas palavras, e começamos a temer por nossas vidas.
Então aconteceu: o dia do grande
arrebatamento. Incontáveis desaparecimentos sem resquícios. A loucura não poderia
ter se alastrado tão rapidamente, muitos pensaram. Estavam enganados. Essa
doença está por toda a parte, está na minha guarda sombra. Jamais pensamos que
isso aconteceria morte a tanta gente ao mesmo tempo.
Muitos começaram a procurar
resistência abrigo, pensando ser o melhor jeito de se forçar proteger disso.
Funcionou por um tempo, mas logo espionaram descobriram que era em vão. Muitos
dos des protegidos sofreram por conta dos agentes doentes infiltrados.
Escapei por muito pouco disso.
Mudei de país, aparentemente aqui a loucura ainda não chegou. Mas não sei por
quanto tempo ficarei livre dela. Ou se meu país ficará livre disso.
Um comentário:
Deveria voltar a escrever. Muito bom seus poemas, pensamentos...
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